Sabe-se que o ano tem duração de 365 dias e os meses têm 30 ou 31 dias, sendo somente fevereiro com 28. Mas, de 4 em 4 anos, ocorre um ano bissexto, com 366 dias de duração (um dia a mais em fevereiro). Afinal, por que isso acontece?
O ano bissexto ocorre para ajustar o ano civil, que tem duração de 365 dias, com o ano solar, associado ao movimento de translação da Terra ao redor do Sol. O tempo que a Terra gasta para sair de uma posição de sua órbita e voltar novamente para este mesmo lugar é de 365,242189 dias, ou 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos, aproximadamente. Portanto, esta é a duração de um ano solar, diferente do ano civil.
Para entender a origem dos anos bissextos, é interessante saber algumas características dos primeiros calendários utilizados no império romano e que influenciaram decisivamente nossa contagem atual de tempo.
Primeiros calendários romanos
Rômulo, o fundador de Roma, dividiu o ano em 304 dias, agrupados nos 10 meses correspondentes aos ciclos lunares, contados a partir do dia do equinócio de primavera no hemisfério norte. Eram excluídos do calendário os dias entre o fim do ano do calendário romano vigente e o próximo equinócio de primavera que iniciaria o novo ano. Seu sucessor, Numa Pompílio, criou um novo calendário dividido em 355 dias, agrupados em 12 meses, mas a cada 2 anos era necessário adicionar um mês de 22 ou 23 dias na contagem do ano, para que o ano marcado no calendário coincidisse com o ano solar.
Calendário juliano/agostiniano
Em 45 a.C., o astrônomo Sosígenes foi convocado por Júlio César para transformar o calendário romano em um calendário solar, alinhado pelas estações do ano, à semelhança do calendário egípcio já então em vigor.
Ele estabeleceu o chamado ano comum, com 365 dias divididos em 12 meses, alguns com 30 dias e outros com 31, de forma que em cada mês pudessem ser observadas as 4 fases da Lua. Além disso, acrescentou 1 dia de 3 em 3 anos, após 25 de fevereiro, criando assim o ano bissexto.
O erro da inserção de anos bissextos de a cada três anos em vez de quatro foi detectado cerca de trinta anos mais tarde. Julga-se que este erro tenha sido corrigido pela supressão de anos bissextos no período entre 12 a. C. e 3 d. C. Em 8 d.C., Augusto, que sucedeu Júlio César, fez algumas mudanças e a partir deste ano o dia extra era acrescentado após o dia 24 de fevereiro, de quatro em quatro anos, como um duplo dia 24.
Calendário gregoriano
Em 1582, o Papa Gregório reorganizou as datas e mudou o dia bissexto, que era 24 de fevereiro, para o dia 29 de fevereiro. Com o apoio do astrônomo Christopher Clavius, o papa ainda determinou que o dia posterior a 4 de outubro de 1582 fosse 15 de outubro, para diminuir a diferença de 11 dias que havia sido gerada desde o período juliano. Alguns chamam os dias adicionados entre estas datas de “dias que nunca existiram”. O calendário gregoriano é usado até hoje na maior parte do planeta, mas há exceções, como os cristãos ortodoxos, que não seguiram a igreja do ocidente e permaneceram com o calendário juliano/agostiniano, que acumula atualmente uma diferença de 13 dias em relação ao gregoriano.
Por que é importante termos anos bissextos?
Se não fossem consideradas as 6 horas a mais que a Terra gasta para completar a volta ao redor do Sol em cada ano, em 372 anos, nós teríamos um atraso de 3 meses entre o ano solar e o ano civil. No que isso implica?
Sabemos que, dependendo da posição que a Terra está em relação ao Sol, um hemisfério estará recebendo mais, menos ou igual intensidade da luz solar, e isto define as estações do ano em épocas e hemisférios diferentes.
Sem os anos bissextos, após 372 anos, mesmo estando nosso calendário civil na data de junho, por exemplo, a Terra ainda estaria na posição que indica o mês de março no ano solar. Com isso, nós do hemisfério sul não estaríamos recebendo a quantidade de luz que causa o inverno, mas sim a que causa o outono. O mesmo aconteceria no norte: enquanto o calendário estivesse marcando o verão, eles estariam recebendo a quantidade de luz que define a primavera.
Quanto mais passassem os anos, mais essa disparidade ficaria evidente e mais difícil seria determinar as estações, pois elas começariam em datas muito diferentes. Assim, o ano bissexto é essencial para que o ciclo das estações do ano esteja bem definido.
Como saber se um ano é bissexto
Para saber se um ano será bissexto, basta que ele seja divisível por 4. O ano de 2020, por exemplo, é divisível por 4, logo, é bissexto. Mas, para anos centenários (1900, por exemplo) a regra é que ele seja divisível por 400.
Anos bissextos no Sistema Solar
Um fato interessante é que outros planetas também têm anos bissextos, já que esses anos dependem da órbita que cada um faz ao redor do Sol e ao redor de si mesmos, e esses movimentos não são perfeitamente sincronizados. Pensando dessa forma, vemos que Marte, por exemplo, têm mais anos bissextos do que anos regulares, visto que 1 ano em Marte tem duração de 668 dias marcianos, mas Marte gasta 668,8 dias marcianos para dar uma volta no Sol. Dessa forma, em 10 anos, Marte tem 4 anos com 668 dias e 6 anos com 669.
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[Texto de autoria de Letícia Rioga, estagiária do Núcleo de Astronomia]
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