Caros Leitores;
Em seu famoso livro A vida intelectual, A. D. Sertillanges afirma que, para bem utilizar a inteligência, outras qualidades são necessárias, além da própria inteligência. O intelecto não passa de instrumento; é sua utilização que determinará seus resultados.
Pensamos e somos criativos com todo nosso ser, não somente com o intelecto. Desde a motivação primária promovida por uma ideia nova, até o bom funcionamento do intestino, influi em nossa capacidade cognitiva. As virtudes e os vícios, mais do que a inteligência, guiarão nossa rotina de estudos e determinará os resultados alcançados.
Uma mente tomada pelos vícios e pelas paixões não é capaz de recolher-se intimamente para refletir. Por exemplo: a preguiça embota os melhores dons; a carência afetiva obscurece a imaginação, dissipa a memória e a atenção; a inveja faz recusar os conselhos das demais companhias intelectuais; a prepotência não permite aceitar os próprios limites.
A primeira qualidade do intelectual é a temperança. Ela pode ser definida como a moderação capaz de indicar que todo saber é bem-vindo, mas devemos ter comedimento nos estudos, evitando a curiosidade vã. Nisto se inclui escolher acertadamente quais assuntos estudar, pois há outros deveres humanos além do estudo, e não podemos perder tempo.
É comum ver curiosos pela ciência em uma dispersão amorosa de estudos, sem fixarem-se em um único tema. Estes deixam de ser cientistas para tornarem-se diletantes. O verdadeiro intelectual sabe que tem tempo e esforços limitados, por isso sabe se fixar em apenas alguns temas, embora se interesse por outros.
A segunda virtude é o autoconhecimento. Quem é você? Em que momento de vida se encontra? Quais alicerces intelectuais já possui? As respostas a esses questionamentos determinarão o seu empreendimento na ciência. Para isso, é necessário coragem para assumir os próprios potenciais e modéstia para aceitar as limitações.
É tolice ambicionar por láureas acima das próprias qualidades; igualmente estulto é negligenciar seus potenciais. O verdadeiro estudioso é coerente em suas contribuições, pois sabe posicionar sua rotina naquilo que lhe é cabível, sem ilusões de grandiosidade ou complexos de inferioridade.
O terceiro predicado é a autorreflexão. Diferentemente da resolução de problemas quando se está sobre pressão, do pensamento ágil em um debate ou do entendimento de conceitos no momento da leitura, a autorreflexão envolve a capacidade de recolher-se intimamente, por horas, somente para pensar.
Quando perguntaram a Isaac Newton como ele chegou à lei da gravitação universal, ele respondeu: “pensando, apenas pensando”. A capacidade criativa do homem depende de seu esforço em pensar e não apenas absorver conhecimentos de outras pessoas. O estudo excessivo, embora amplie a inteligência, pode inibir a criatividade autêntica.
O quarto atributo do intelectual é a disciplina do corpo. Isto significa saber cuidar do bom funcionamento do corpo, mantendo a saúde, a disposição, a administração do estresse, com foco na produção intelectual.
Além de objetivar o emagrecimento, o ganho de massa muscular, a evitação de doenças – objetivos muito nobres – o intelectual busca compreender o bom funcionamento do corpo tendo como objetivo a otimização máxima dos trabalhos da inteligência. Para isso, leia nosso texto sobre relógio biológico: Compreenda seu relógio biológico para viver melhor.
Outras duas qualidades são a perseverança e a vontade inquebrantável. Como já dissemos em muitos artigos, a inteligência só cresce pela lei do maior esforço. Não existem atalhos, truques, queimas de etapas ou artimanhas. Para compreender um tema complexo ou dominar uma área do conhecimento, é necessário anos de leituras e experiências. Além do mais, é necessário paciência (outra qualidade) para revistar conceitos, pois raramente somos capazes de compreender um tema complexo no primeiro contato.
Por fim, uma das qualidades que melhor qualificam a inteligência é a assistencialidade. A genialidade também cria a bomba atômica. Ter objetivos assistenciais, abnegados, isentos, podem dar uma finalidade mais útil para o conhecimento produzido. A utilização da inteligência determina seus efeitos e seu melhor emprego é no auxílio mútuo aos demais. A intelectualidade cria a vacina, a tecnologia inovadora, a filosofia libertadora; também faz a guerra e a tirania. Tenhamos inteligência inteligente.
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Neste artigo falamos sobre as virtudes de um intelectual, pois além da inteligência e da estudiosidade, a conduta moral da pessoa determina os resultados de seus estudos e pesquisas. Falamos da temperança nos estudos, do autoconhecimento, da disciplina corporal e da perseverança. Por fim, conclui ser a assistencialidade a principal qualidade de um bom intelectual. Bons estudos!
Autor: Luiz Paulo Ramos Cardoso Filho
As ideias contidas neste texto são de responsabilidade do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento do Instituto Agenda Positiva.
Fonte: Agenda Positiva / 26-01-2022
https://agendapositiva.org.br/artigo/as-virtudes-do-intelectual
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