Caros Leitores;
Um dos termos mais ouvidos nos últimos anos tem sido Fake News. Ele ficou famoso depois que o Dicionário Oxford incluiu o vocábulo como a palavra do ano de 2016 e foi definido como as notícias falsas capazes de induzir as pessoas a formarem opiniões erradas a respeito de determinados fatos ou mesmo induzir a comportamentos, influenciar nas decisões e provocar confusão entre as pessoas.
Traduzida ao pé da letra e de forma livre da língua inglesa para a portuguesa, a expressão Fake simboliza aquilo que é falso, enquanto o termo News refere-se às notícias, ou seja, notícias falsas. Apesar da tradução fácil e simples, as Fake News tornaram-se um fenômeno da era da comunicação digital e da sociedade interligada pelas mídias sociais que permitem o compartilhamento e a rápida circulação dessas informações.
As razões para o destaque dado às Fake News concentram-se em dois episódios recentes da história mundial. O primeiro deles foi a decisão da população do Reino Unido, aprovada em referendo em junho de 2016, para deixar a União Europeia, fato mais conhecido como Brexit. O segundo evento ocorreu em novembro de 2016, com a eleição do candidato Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Os dois fatos foram considerados surpreendentes por grande parte da mídia e por parcela da população que não apoiava tais decisões.
Segundo a própria definição do Dicionário Oxford, as Fake News também são sinônimo de pós-verdade. Pós-verdade é o mesmo que Fake News, ou seja, uma notícia que apela à emoção e se preocupa menos com os fatos reais. Isso significa que as Fake News e a pós-verdade estão relacionadas pelas circunstâncias em que os fatos objetivos têm menos influência na formação da opinião pública do que os apelos emocionais e as crenças pessoais para a tomada de decisões e formação da opinião das pessoas.
Apesar de o termo Fake News ser novo, as notícias falsas e a tentativa de manipulação da opinião pública não são assim tão recentes. Elas sempre existiram ao longo da história da humanidade. Um caso famoso ocorreu nos Estados Unidos, em 1938, com a transmissão do programa de rádio de Orson Welles, noticiando uma suposta invasão de marciano, que paralisou três cidades e espalhou pânico pelo país. Tratava-se, na verdade, de uma peça de ficção baseada na obra A Guerra dos Mundos, de Herbert George Wells, e dramatizada para parecer uma notícia urgente durante a transmissão de cerca de uma hora, durante um programa de radiojornalismo da época. A ambientação, as descrições, a emoção e tudo mais levava a crer que, realmente, ocorria, naquele momento, uma invasão de seres extraterrestres aos Estados Unidos.
Da mesma forma funcionam as Fake News da atualidade. Elas apresentam características de uma notícia real que, escrita de acordo com os princípios do jornalismo, descreve os fatos de forma objetiva, baseada no testemunho de pessoas que acompanharam sua ocorrência (as chamadas fontes), e que contém um forte apelo emocional ou mesmo trechos de notícias ou imagens fora de contexto para parecerem verdade. Essas notícias são produzidas com o objetivo de influenciar a opinião das pessoas e aproveitam-se do fato de que muitas pessoas não conferem a veracidade do conteúdo.
Este tipo de notícia geralmente circula por meio de sites contendo outras informações apresentadas como se fossem veículos de comunicação confiáveis. Essas notícias são compartilhadas entre os grupos dos comunicadores instantâneos, como o WhatsApp, Messenger do Facebook, Telegram e outros, ou em perfis falsos de mídias sociais e viralizam, ou seja, espalham-se rapidamente. Como as pessoas recebem de outros conhecidos, acabam por acreditar na veracidade do seu conteúdo.
Além disso, muitos desses sites criam notícias falsas com o objetivo de atrair anunciantes e são remunerados pelo número de acessos às páginas. Assim, eles criam notícias sensacionalistas ou falsas para atrair a atenção das pessoas para a leitura e, quando a pessoa acessa o site, está fomentando o clickbait, uma estratégia usada para gerar tráfego online por meio de chamadas enganosas ou sensacionalistas.
Existem formas de identificar uma notícia falsa, e isso levou à criação dos verificadores de notícias. Mas isso será assunto para outro artigo em breve, bem como os perigos de compartilhar notícias falsas na Internet e as formas de combater essa prática.
Autor: Luís Augusto Zillmer Cardoso
As ideias contidas neste texto são de responsabilidade do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento do Instituto Agenda Positiva.
Fonte: Agenda Positiva / 24-03-2022
https://agendapositiva.org.br/artigo/afinal-o-que-sao-as-fake-news
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